Tendo recentemente passado pela minha segunda experiência de procura de trabalho, tive a oportunidade de enviar o meu curriculum vitae para centenas de empresas nacionais. No meio de tantos contactos acabei por conseguir participar em 13 entrevistas, sendo a maior parte executadas presencialmente e, as restantes, via telefone ou por video-conferência. Mesmo estando a ser entrevistado, sou crítico ao ponto de perceber se a pessoa que me está a entrevistar, estará a fazer as perguntas certas, daí a razão deste post, pretendo partilhar a minha experiência e até suportá-la com base neste artigo (Forbes).
Estatísticas das entrevistas:
- Duração desde 10 minutos a 2 horas e meia (apenas considerando a primeira fase);
Perfil do entrevistador:
- Profissional de T.I. (ou área relacionada) ou pessoal com formação em recursos humanos;
- Entrevistado por homens (10) e mulheres (3) com idades entre os 24 e 55 anos (aproximadamente);
As principais questões feitas pelos entrevistadores acabaram ou por se revelar demasiado específicas (não permitindo descrever e ligar a experiência e conhecimentos obtidos), ou demasiado abrangentes (permitiam uma multiplicidade de respostas – eu próprio daria outra resposta se me fizesse a mesma pergunta 5 minutos depois!). Óbvio que há muita arte e engenho nas entrevistas, quer para quem entrevista, quer para quem é entrevistado e haverão certamente milhares de livros a abordarem técnicas mas nada como sermos práticos e objectivos em vez de andarmos às voltas para conseguirmos (ou tentarmos) traçar o perfil do candidato.
Foram feitas perguntas como…
- “Fale um pouco do seu percurso profissional”;
- “Quais são as suas âmbições?”;
- “Diga-me no que é que você é bom?”;
- “O que é que se vê a fazer daqui a 5 anos?”;
- “Porquê Tecnologias de Informação?”;
- “Concluíu a licenciatura na Universidade do Minho, certo?”
- “Tem irmãos? Sim? O que fazem? Tem pais? São casados? Vive com um gato ou com o cão?”
Para todas as perguntas, excepto a última, a resposta estava explicitamente descrita no meu curriculum vitae e no meu LinkedIn. Claramente a grande maioria dos entrevistadores mostrou nas perguntas que me faziam, que havia falta de preparação e análise atenta do meu curriculum, dois até tiveram a coragem de dizer que apenas leram a minha carta de apresentação, pois chamou-lhes a atenção e gostaram do texto que escrevi. (o meu curriculum contem apenas 3 páginas com informações objectivas no modelo Europass, acompanhadas de uma carta de apresentação onde acabo por descontraídamente falar de como surgiu o meu gosto pelas T.I.)
Estando confiante na minha experiência e no que coloquei no meu curriculum, acaba por ser determinante quando sou chamado a uma entrevista pois falo com convicção e humildade, o que me deixa sempre numa posição bastante confortável como entrevistado. No final das entrevistas faço uma pequena reflexão do que foi dito, de como falei sobre mim e de como liguei as ideias, sou muito crítico em relação a isso. Inclusivamente cheguei a pedir feedback de alguns entrevistadores e para mencionarem algo que não tivessem gostado em mim. O engraçado no meio de tudo isto é que geralmente paira uma sensação que se diz tanto mas que, no entanto, não consegui transmitir concretamente quem sou e do que sou capaz. Cheguei mesmo a questionar-me várias vezes se estaria a responder correctamente.
A resposta veio numa entrevista que terá sido das mais curtas (durou cerca de 15-20 minutos) e a que se revelou mais objectiva pois todas as perguntas obrigavam-me a dar respostas objectivas, pois foram aquele tipo de perguntas que ligam realmente o candidato com o emprego ao qual se está a candidatar e são aquelas perguntas que são abrangentes mas não ao ponto de permitir divagar, nem específicas ao ponto de não permitir dar a conhecer.
As três perguntas-chave são:
1. Estarás ao nível do trabalho pedido?
2. Vais adorar o trabalho?
3. Vamos conseguir trabalhar juntos?
As respostas permitirão ao entrevistador obter do candidato respostas aos seguintes níveis:
1. Pontos fortes.
2. Motivações.
3. Facilidade de Adaptação.
Basicamente estas perguntas permitirão conhecer o entrevistado e perceber se ele está pronto para aquele trabalho ao qual se está a candidatar. Estas perguntas acabarão por evidenciar (ou não) as soft-skills do entrevistado, esperando que as hard-skills constem no curriculum.