No meio da enorme e crescente quantidade de e-mails que caem diariamente no meu Outlook, acabei por me perder numa das newsletter’s que mais gosto de ler: a Codeproject.com.
Um dos artigos que a newsletter fazia menção tem o título “Why everyone hates the IT department“, tal título suscitou o meu interesse e ao ler o artigo na íntegra, fiquei positivamente agradado pelas várias visões de como o departamento de TI é visto pelos próprios informáticos, pelas chefias e colegas de trabalho. Recomendo vivamente a leitura atenta deste artigo e dos seus comentários (igualmente ricos e interessantes).
Confesso que o artigo me estimulou bastante, especialmente na forma como as TI podem/devem ser vistas pela organização.
Não há dúvidas que hoje em dia o departamento TI é tendencialmente menos um departamento isolado. Dada a enorme competitividade e as frequentes apostas tecnológicas, o departamento TI passou a fazer parte da organização como um todo. Infelizmente, tal romance não sucede na prática.
Por um lado, entende-se que para quem tem conhecimentos informáticos nem sempre é fácil ter a disponibilidade e capacidade de poder explicar algo que, para nós informáticos é tão básico. Pior ainda é quando temos de explicar o básico vezes e vezes sem conta. Não, não é nada fácil!
Se por um lado temos de ter toda a paciência do mundo, do lado oposto os nossos colegas devem-nos ajudar em vez de se queixarem a toda a hora, de nos ligar constantemente, de nos fazer as mesmas perguntas e de prontamente cruzarem os braços assim que uma tecla deixa de fazer aquilo que estavam à espera porque antes se lembraram de utilizar uma combinação de teclas manhosa.
Não pedimos aos nossos colegas de trabalho que dominem as tecnologias e a informática, mas que tenham o mínimo de bom senso na utilização das mesmas. Aproveitando a analogia, eu não sou mecânico mas sei que é necessário colocar combustível no carro e sei como se coloca, não sou médico mas sei o que fazer quando tenho uma ferida, não sou operário mas no entanto sei como manusear as ferramentas…
Não é por não ser mecânico que vou a correr até à oficina para me dizerem como devo colocar combustível no depósito, nem vou recorrer constantemente ao médico e pedir-lhe para me fazer um exame completo e me receitar algo XPTO quando dou um espirro, quando tenho uma pequena ferida, quando me dá uma dôr de barriga, da mesma forma que não vou contratar um operário sempre que quiser apertar um parafuso.
Penso que há uma dualidade de cenários e que o departamento de TI, que não deverá ser um departamento isolado mas sim emergente e activo no seio da organização, deve ser respeitado e visto pelos colegas como uma ajuda para que possam desempenhar melhor e, por vezes, mais rapidamente as suas funções, permitindo à empresa um crescimento maior. Por outro prisma, os informáticos deverão “formar”, “sensibilizar” e “consolidar” quer os processos produtivos, quer os processos de suporte.
No artigo que enunciei há uma referência algo engraçada que eu próprio já constatei diversas vezes: quando a organização falha é tudo por culpa da informática e do departamento de TI. Infelizmente quando o sucesso ocorre e os sistemas correm fluidamente, ninguém faz qualquer tipo de menção ou reconhecimento aos sistemas e aos trabalhadores TI. É difícil sermos reconhecidos porque a maior parte do nosso trabalho é feito no backoffice, não se vê mas está lá… algures!
Ao ler o artigo convenço-me cada vez mais de que se a organização (chefia, processos e trabalhadores) não estiverem alinhados com a tecnologia (SISTEMA DE INFORMAÇÃO), acabarão por haver certamente grupos a fracassar e isso irá provocar um notável atraso e regressão na organização.
Sinceramente, nunca senti muito esse afastamento por parte dos meus colegas, porque sempre acreditei que é importante ouvirmos aquilo que nos têm para dizer e daí podem surgir ideias para o desenvolvimento de aplicações (já surgiram muitas e grandes ideias) mas infelizmente muitas das vezes não consegui dar continuidade por sentir que os processos de gestão me impediram ou dificultaram de levar o trabalho mais além. Apesar da informática permitir coisas fantásticas, a realidade é que vivemos com falta de recursos (sejam eles financeiros, sejam eles técnicos, sejam eles temporais) e esses factores podem impedir ou dificultar enormemente o sucesso de uma estratégia TI.
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